Casa Cunhadora de Goiás (Goiás)
1. Introdução
A Casa Cunhadora de Goiás, localizada na então Vila Boa de Goiás (atual cidade de Goiás, capital original da capitania de Goiás), foi uma das principais casas responsáveis pela fundição e cunhagem de moedas de ouro durante o período colonial brasileiro. Criada para atender à intensa atividade mineradora na região, sua atuação foi determinante para o controle fiscal da Coroa Portuguesa e para a organização monetária em pleno Ciclo do Ouro.
Este artigo apresenta a história, o funcionamento e o legado dessa casa cunhadora, destacando sua importância no contexto econômico, político e social do Brasil colonial.
2. Contexto Histórico
2.1 O Ciclo do Ouro em Goiás
Durante os séculos XVII e XVIII, o Brasil viveu um período de grande exploração aurífera conhecido como Ciclo do Ouro. Além das tradicionais áreas mineradoras de Minas Gerais e Mato Grosso, a região de Goiás se destacou pela descoberta de importantes jazidas de ouro.
Para garantir o recolhimento dos tributos devidos à Coroa, especialmente o chamado quinto (20% de toda a produção aurífera), o governo português instituiu casas de fundição e cunhagem próximas aos núcleos mineradores.
2.2 A Fundação da Casa Cunhadora
A Casa Cunhadora de Goiás foi instalada no século XVIII, acompanhando o crescimento da atividade mineradora. Sua principal função era transformar o ouro em pó extraído das minas em moedas oficiais, assegurando que o imposto fosse recolhido e que apenas ouro legalizado circulasse no mercado.
Vila Boa de Goiás foi escolhida pela sua posição estratégica e pela concentração de atividades econômicas e administrativas da capitania.
3. Funcionamento e Estrutura
3.1 Atividades Realizadas
A Casa Cunhadora de Goiás tinha como atribuições principais:
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Fundição do ouro em pó, retirado das minas, para separação de impurezas.
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Cobrança e separação do quinto real, o imposto destinado à Coroa.
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Cunhagem de moedas de ouro, marcadas com o selo da autoridade portuguesa e identificações da casa.
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Controle da circulação monetária na capitania, combatendo fraudes e ouro clandestino.
3.2 Estrutura Física
As instalações da casa incluíam:
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Fornos de fundição, para derreter o ouro.
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Prensas de cunhagem manual, para gravar as moedas.
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Setores de fiscalização e controle fiscal, onde funcionários da Coroa supervisionavam as operações e o recolhimento do quinto.
4. Tipos de Moedas Produzidas
A Casa Cunhadora de Goiás produziu principalmente moedas de ouro, nas seguintes denominações:
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400 réis
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640 réis
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1.280 réis
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2.560 réis
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3.200 réis
Estas moedas possuíam marcas específicas indicando sua origem e autenticidade, incluindo o brasão da Coroa e letras que identificavam a casa de cunhagem.
5. Importância Econômica e Fiscal
A Casa Cunhadora de Goiás desempenhou papel estratégico na fiscalização da produção aurífera, na arrecadação de impostos e na organização do comércio local. Sua atuação permitiu:
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Maior controle sobre a circulação do ouro
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Prevenção contra a evasão fiscal
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Estabilização monetária nas regiões mineradoras
Além disso, fomentou o crescimento urbano de Vila Boa de Goiás, transformando a cidade num centro administrativo e econômico.
6. Encerramento das Atividades
Com o declínio das minas e a centralização das atividades monetárias no Rio de Janeiro, a Casa Cunhadora de Goiás foi desativada no século XIX. A medida fazia parte da estratégia da Coroa de consolidar o controle monetário e reduzir custos administrativos nas áreas de mineração em decadência.
7. Legado Histórico
O prédio onde funcionou a Casa Cunhadora permanece como um importante patrimônio histórico. Sua memória é preservada como símbolo da era do ouro em Goiás e da estrutura fiscal montada pela Coroa Portuguesa para explorar os recursos brasileiros.
As moedas cunhadas ali são hoje itens valorizados no meio numismático, sendo importantes documentos materiais da história monetária do Brasil.
8. Conclusão
A Casa Cunhadora de Goiás foi essencial para a história econômica e fiscal do Brasil colonial. Responsável pelo controle e legalização da produção de ouro na capitania de Goiás, sua atuação impactou não apenas a arrecadação da Coroa Portuguesa, mas também o cotidiano e o desenvolvimento econômico da região.
A casa permanece como testemunho da complexa estrutura montada no período colonial para explorar as riquezas do território brasileiro.
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