Casas de Fundição no Brasil

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Introdução

Introdução

Contextualização Histórica

Durante o período colonial brasileiro, especialmente a partir do final do século XVII e início do XVIII, a descoberta de vastas jazidas de ouro e diamantes em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia transformou profundamente a dinâmica econômica, social e política da colônia. Nesse contexto, o controle sobre a produção e circulação de metais preciosos tornou-se uma prioridade absoluta para a Coroa Portuguesa.

Para assegurar a arrecadação dos tributos e evitar o contrabando, a Coroa criou um sistema rígido de fiscalização e controle do ouro extraído. Nesse sistema, dois tipos de instituições desempenharam papéis fundamentais e complementares: as Casas de Cunhagem, responsáveis pela produção de moedas metálicas, e as Casas de Fundição, encarregadas de fundir o ouro em barras, recolher os impostos devidos e autenticar a legalidade do metal produzido.

A implantação das Casas de Fundição foi uma medida fiscal, administrativa e política, concebida para centralizar o derretimento do ouro bruto e evitar a circulação de pepitas e pó de ouro sem controle estatal, prática comum até então.


Diferença entre Casas de Cunhagem e Casas de Fundição

Embora por vezes confundidas, as Casas de Fundição e as Casas de Cunhagem (ou Casas Cunhadoras) exerciam funções distintas:

  • Casas de Cunhagem: Responsáveis pela fabricação de moedas metálicas — peças cunhadas com valor oficial, destinadas à circulação monetária na colônia e metrópole.

  • Casas de Fundição: Estabelecimentos oficiais onde o ouro extraído deveria ser fundido, transformado em barras, marcadas com o selo real (carimbo) e certificadas. Nelas, era recolhido o imposto conhecido como "o quinto" (20% de todo o ouro extraído), destinado à Coroa Portuguesa.

Enquanto as Casas Cunhadoras atuavam principalmente nas grandes vilas e cidades, associadas ao controle monetário, as Casas de Fundição funcionavam próximas às regiões de mineração e eram fundamentais para impedir a evasão fiscal e o contrabando de ouro em pó ou pepitas.


Importância no Controle Fiscal e Monetário Colonial

As Casas de Fundição foram, durante boa parte do século XVIII, o principal instrumento de controle sobre a riqueza mineral do Brasil. Todo o ouro extraído deveria, obrigatoriamente, passar por essas instituições, onde era fundido e marcado com o selo real, atestando sua procedência legal e garantindo que o tributo fosse recolhido.

Esse sistema permitiu à Coroa manter certo domínio sobre a circulação de riquezas, organizar o fluxo de remessas para Portugal e minimizar as perdas causadas pelo contrabando, embora diversas fraudes e resistências locais tenham ocorrido.

Além disso, as Casas de Fundição tiveram papel decisivo na política colonial, sendo pivôs de tensões sociais e revoltas, como a famosa Revolta de Vila Rica (1720), em Minas Gerais, motivada, entre outros fatores, pelo rigor da fiscalização e pelas exigências impostas aos mineradores.


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