Na série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), recebemos Luciano Junqueira, presidente da Sociedade Numismática Goiana, para uma conversa repleta de memórias, afetos e sabedoria. Com simplicidade e paixão, Luciano nos conduz por sua trajetória — iniciada na infância — e nos revela como a numismática pode ser uma herança afetiva e uma missão de preservação histórica.
A relação de Luciano com a numismática começou nos anos 70, quando, ainda criança, ele admirava as moedas e cédulas guardadas por seus avós.
“Minha avó deixava eu olhar de vez em quando. Ela tinha moedas de prata, de bronze… e meu avô guardava as cédulas dentro de um livro.”
Mas o ponto de virada foi um presente inesquecível: o Manual do Tio Patinhas, lançado em 1972, com uma pequena moedinha colecionável. Desde então, a paixão se firmou.
Com o tempo, a avó presenteou-o com aquele cofre — recheado de moedas, incluindo um raro patacão de 960 réis da Bahia. A peça, que ainda está com ele, tornou-se símbolo de uma história de carinho e fascínio pela moeda.
Luciano começou como muitos: reunindo moedas. Mas o passo seguinte foi decisivo. Em 1986, adquiriu o catálogo do Arnaldo Russo, que permitiu entender o que de fato estava em mãos.
“Foi um divisor de águas. Eu passei a estudar, a classificar, e percebi o que valia a pena colecionar.”
Logo depois, descobriu a obra de Kurt Prober, com explicações técnicas e históricas. A profundidade do estudo o fascinou. Em 1987, filiou-se à SNB e passou a acumular não apenas moedas, mas também catálogos, boletins e conhecimento.
Luciano compartilha seu método de preservação: começou com álbuns de PVC, passou para caixas feitas por Mário Vieira e, hoje, usa envelopes neutros e caixas de madeira ou plástico, que protegem contra umidade e oxidação.
“A moeda com pátina conta sua história. Limpar é apagar o passado. A conservação precisa respeitar o tempo.”
Luciano coleciona variantes de 960 réis — moedas que continuam o encantando há décadas. Recentemente, passou a buscar também peças flor de cunho do Terceiro Sistema em diante.
“Mesmo as comuns, se forem flor de cunho, têm valor diferenciado. É um novo foco que estou aprofundando.”
Luciano também é um dos protagonistas da reativação da Sociedade Numismática Goiana. Fundada em 1969, a entidade passou por períodos de inatividade, mas agora se organiza com estatuto, CNPJ e reuniões mensais na Secretaria de Cultura de Goiás.
“Nosso objetivo é ter uma sede própria, com biblioteca, espaço de reunião e um ambiente para fortalecer a numismática na região.”
Além disso, ele compartilha com entusiasmo a convivência com nomes como Francisco Paes e Gilberto Farias, fundamentais na reestruturação da sociedade.
Luciano exemplifica a diferença entre o colecionador casual e o numismata pesquisador. Ao analisar uma moeda de 1823, descobriu um recunho não relatado em catálogo. Com ajuda do especialista Alexandre Costa, catalogou a variante como única até então.
“A gente só encontra essas coisas quando estuda, compara, conversa. A numismática é viva, é construção coletiva.”
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