A trajetória dos grandes numismatas brasileiros é marcada por paixão, curiosidade e dedicação ao estudo das moedas e medalhas. Nesta entrevista especial para o NumisPlay, Oswaldo Rodrigues conversa com Edijânio Rodrigues, presidente da Sociedade Filatélica e Numismática de João Pessoa, revelando sua história, aprendizados e a força do colecionismo no Nordeste.
Edijânio Rodrigues relembra que seu interesse por moedas teve três fases marcantes. A primeira foi ainda na infância, quando recebeu de sua mãe uma moeda de bronze de Caxias, peça que guarda até hoje. O fascínio, porém, só se transformou em colecionismo de fato anos depois, durante a faculdade de Economia. Para se manter nos estudos, Edijânio abriu um pequeno comércio em casa e, em meio às transações, deparou-se com uma moeda comemorativa dos Direitos Humanos. Descobriu seu valor e, ao vendê-la, reinvestiu em novas moedas, iniciando um ciclo de compra e venda, ainda sem grande conhecimento técnico.
A virada em sua trajetória veio quando conheceu o senhor Ary de Arruda Luna, a quem chama de “anjo da guarda numismático”. Ary não apenas lhe vendeu um lote de moedas comuns, mas o incentivou a adquirir seu primeiro catálogo. Esse gesto foi fundamental: Edijânio mergulhou no estudo, descobrindo que cada moeda trazia características e valores próprios. A partir desse momento, compreendeu que colecionar era muito mais do que negociar moedas, era estudar, classificar e entender a história por trás de cada peça.
O aprofundamento veio com a participação em eventos numismáticos em João Pessoa, onde Edijânio conheceu as moedas de cobre coloniais e imperiais. Ficou fascinado pelo fato de que essas moedas circularam intensamente entre a população, carregando histórias e variantes quase incontáveis. Para ele, os cobres são peças vivas, repletas de “causos” e curiosidades, como o famoso derrame de moedas falsas na Bahia, episódio em que a circulação de moedas falsas era tão grande que a retirada delas do mercado paralisaria a economia local.
Edijânio destaca em sua coleção uma moeda de 4 réis, emitida sob a Carta Régia de 1704, considerada uma das primeiras moedas oficialmente circulantes no Brasil. Ressalta também o fenômeno das carimbagens, quando moedas recebiam marcas para dobrar seu valor facial, prática que estimulou a falsificação de carimbos e aumentou a complexidade do estudo dessas peças.
Sob a presidência de Edijânio, a sociedade se consolidou como um dos polos mais fortes do Nordeste, com sede própria, fácil acesso para colecionadores de toda a região e um ambiente de acolhimento e troca de conhecimento. Durante a pandemia, a entidade inovou ao gerar receita com a venda de boletins e publicações, iniciativa que foi replicada por outras sociedades no país.
Edijânio enfatiza que o sucesso da sociedade é fruto do trabalho coletivo. Nunca havia imaginado ser presidente, mas atendeu ao chamado dos colegas e, com o apoio de uma equipe dedicada, promoveu eventos de destaque, como o Encontro Numismático Brasileiro de 2019, que reuniu dezenas de expositores e figuras históricas do colecionismo nacional.
A história de Edijânio Rodrigues é um exemplo de como o colecionismo pode transformar vidas, promover amizades e preservar a memória nacional. Sua trajetória reforça a importância do estudo, do convívio e do trabalho em equipe para o fortalecimento da numismática no Brasil.
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