Com a transferência do poder político pelo Partido Nazista em 1933, o sistema financeiro alemão passou por uma transformação radical, tornando-se um instrumento direto de controle estatal. O Banco do Reich (Reichsbank) , até então uma instituição com certo grau de autonomia, estava completamente subordinado ao Ministério da Economia e, posteriormente, ao Ministério das Finanças nazista.
Sob a liderança de Hjalmar Schacht — inicialmente ministro sem pasta e depois presidente do Reichsbank —, o regime implementou políticas monetárias que visavam financiar obras públicas, rearmamento e programas de emprego. Schacht dinâmica os chamados "títulos Mefo" e outros mecanismos contábeis duvidosos para mascarar o endividamento estatal e manter a aparente estabilidade do Reichsmark.
Após 1937, com a saída de Schacht e a chegada de Walther Funk ao cargo do presidente do Reichsbank, o controle total sobre o sistema financeiro se consolidou. O banco central passou a operar como braço ideológico e prático do Estado nazista, regulando emissões monetárias, controlando câmbio e supervisionando a produção de moedas e cédulas com símbolos ideologicamente carregados.
Antes da chegada dos nazistas ao poder, a Alemanha já havia passado por uma grave crise monetária, culminando na hiperinflação de 1923 , que levou à perda total de valor do Papiermark . Para conter a desvalorização, foi criado em 1924 o Rentenmark , lastreado simbolicamente em terras agrícolas e imóveis industriais.
O Rentenmark deu lugar ao Reichsmark em 1924, oficializado como moeda única do país pela Lei da Moeda Nacional (Gesetz über die Landeswährung) em 30 de agosto de 1924. Cada Reichsmark valia um bilhão de marcos, marcando o fim da inflação galopante.
Durante o período nazista, o Reichsmark manteve-se como moeda oficial, embora seu valor tenha sido artificialmente sustentado por medidas autoritárias, como o controle rígido de preços, atrasos e movimentações cambiais. A partir de 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, o Reichsmark começou a perder valor frente às moedas estrangeiras, especialmente o dólar americano e a libra esterlina.
Um dos aspectos mais inovadores da política nazista foi o controle absoluto do Estado sobre a emissão de moedas e cédulas . O Reichsbank era responsável pela impressão e distribuição do papel-moeda, enquanto a Casa da Moeda Real da Prússia e outras fábricas produziam as moedas metálicas.
Desde o início do regime, foi determinado que todas as peças numismáticas deveriam conter elementos ideológicos claros. A suástica , o símbolo da águia imperial e, em alguns casos, a efígie de Adolf Hitler foram incorporados aos projetos oficiais. Essa padronização não serviu apenas à propaganda, mas também reforçou a identidade nacionalista e racial pregada pelo regime.
Além disso, com o avanço da guerra e a escassez de metais estratégicos, ocorreram mudanças nos materiais utilizados na fabricação de peças. Metais nobres, como prata e níquel, foram substituídos por alternativas mais baratas, como zinco e ferro. Em alguns casos, foram produzidas moedas de papel-cartão ou madeira em áreas ocupadas ou isoladas economicamente.
As diferenças entre as emissões monetárias pré-nazistas, nazistas e pós-guerra são bastante visíveis tanto no design quanto na simbologia utilizada.
Moedas e cédulas pré-nazistas (República de Weimar): Apresentavam efígies de figuras históricas alemãs, paisagens regionais e símbolos culturais neutros. As últimas emissões do Rentenmark ainda mantêm certa continuidade com a tradição monárquica.
Moedas e cédulas nazistas: Rapidamente sofreram alterações para incluir a suástica, a águia imperial e lemas patrióticos. Algumas denominações chegaram a ser refeitas diversas vezes, refletindo mudanças de material e necessidades de guerra.
Moedas e cédulas pós-guerra: Após a derrota alemã em 1945, o Reichsmark foi considerado inválido. Os aliados emitiram novas moedas e cédulas conhecidas como Notgeld (dinheiro emergencial) . Posteriormente, em 1948, a Alemanha Ocidental moderna o Marco Alemão (Deutsche Mark) , enquanto a Alemanha Oriental desenvolveu o Mark der DDR .
Essas transições revelam como a moeda é um reflexo direto das transformações políticas e sociais vividas pelo país ao longo do século XX.
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