O Plano Real dos Portugueses refere-se ao conjunto de moedas emitidas por Portugal e suas casas de moeda ultramarinas durante o período colonial. Este sistema abrange desde as primeiras cunhagens implantadas na Europa medieval até as variantes produzidas na América Portuguesa, consolidando-se como base monetária para a economia açucareira, aurífera e comercial do Império.
Moedas Medievais e Joaninas
O “real” apareceu em meados do século XIII na Península Ibérica, substituindo antigos dinheiros e servindo como unidade de conta. Ao longo dos reinados de D. João I, D. Duarte e D. Afonso V, o real se tornou a moeda padrão, motivando reformas (como a “reforma joanina” de 1433) que padronizaram peso e teor de prata.
Reforma de D. João V (1717–1732)
Com o influxo de metais preciosos do Brasil, D. João V centralizou a cunhagem em Lisboa, criando moedas mais grossas e uniformes. O aumento da oferta de ouro e prata nas Américas justificou ajustes no diâmetro e peso do real português.
Primeiras Casas de Moeda na Colônia
Em 1720, sob alvará de D. João V, foi instalada a Casa da Moeda de Salvador (Bahia), seguida pela de Vila Rica (Ouro Preto) e, mais tarde, pela de Rio de Janeiro. Essas unidades visavam suprir a crescente demanda local por numerário, reduzindo envios do “velho mundo” e custos de transporte.
Necessidades Econômicas Locais
A economia açucareira e, principalmente, a corrida do ouro no século XVIII exigiram moedas de maior circulação. O real português colonial adaptou-se a diferentes metais (cobre, prata e ouro) e a peculiaridades regionais, como carimbos de validação e provas de espécie.
Monopólio e Controle Real
A Coroa mantinha rígido controle sobre a produção e exportação de metais preciosos. Parte do ouro era remitida a Lisboa, mas uma fatia significativa circulava internamente para pagamento de mão-de-obra e tributos.
Integração com o Sistema Ibero-Americano
As casas de moeda brasileiras funcionavam em sintonia com as de Lisboa e Sevilha, obedecendo aos mesmos ensaios de teor e cunhagem. Isso garantiu aceitação das moedas coloniais no comércio intercolonial e europeu.
Com a vinda da corte portuguesa ao Brasil (1808) e as reformas necessárias para estabilizar o numerário, iniciou-se a evolução do real colonial para o mil réis. Essa mudança – ainda que principalmente nominativa – refletiu a necessidade de simplificar cálculos em face da inflação e do aumento do volume de oferta monetária.
A compreensão do Plano Real dos Portugueses é fundamental para qualquer estudo das emissões monetárias brasileiras até o início do século XIX. Esse panorama histórico contextualiza as famílias de moedas que se seguirão, desde as primeiras vicentinas até o 3º Sistema Monetário, e prepara o leitor para os artigos subsequentes sobre objetivos, metodologia e definição de famílias.
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