Após décadas de inflação galopante e desvalorização sistemática da moeda, o governo brasileiro anunciou, em 28 de fevereiro de 1986, a extinção definitiva do Cruzeiro como unidade monetária nacional. Em seu lugar, foi criado o Cruzado (Cz$), numa tentativa de estabilizar a economia.
A mudança foi oficializada pelo Plano Cruzado, idealizado pelo então ministro da Fazenda Dílson Funaro no governo José Sarney. Com ele, buscava-se:
Cortar três zeros na moeda
Controlar preços e salários por decreto
Combater a inflação através do congelamento de preços e contratos de aluguel
Restabelecer a confiança da população no sistema financeiro
A substituição do Cruzeiro pelo Cruzado foi resultado direto de:
Inflação acumulada superior a 200% ao ano nos primeiros meses de 1986
Crise de credibilidade no sistema monetário
Rejeição popular às moedas de altíssimo valor e dificuldade de manter a circulação monetária adequada
Necessidade política de controlar a inflação sem recorrer inicialmente a medidas impopulares, como aumento de juros ou restrições de crédito
A moeda se tornou insustentável economicamente e politicamente, obrigando o governo a adotar uma nova denominação monetária associada a um pacote emergencial de controle de preços e renda.
A transição para o Cruzado provocou reações imediatas:
Bloqueio momentâneo de operações financeiras para adequação dos sistemas bancários
Conversão de preços, contratos e saldos bancários na nova moeda
Eliminação de moedas e cédulas do Cruzeiro, que perderam valor de forma progressiva
Para a população, o impacto foi duplo:
Inicialmente, houve euforia pelo congelamento de preços e poder aquisitivo preservado
Pouco tempo depois, a escassez de produtos e o retorno gradual da inflação minaram a eficácia do plano
O Cruzeiro deixava de existir, mas deixava também uma memória simbólica marcada pela instabilidade econômica e pelas constantes tentativas de reforma monetária.
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