No sexto encontro da série de Webinars promovidos pela Sociedade Numismática Brasileira, o experiente numismata Gilberto Tenor apresentou um panorama amplo e instigante sobre os aspectos menos explorados da numismática. A palestra, conduzida de forma didática e acessível, buscou aproximar tanto especialistas quanto iniciantes desse universo fascinante de moedas, cédulas, medalhas e objetos relacionados à história monetária e cultural.
Tenor iniciou sua apresentação resgatando a origem etimológica da palavra numismática, oriunda do latim e do grego, e reiterando sua definição clássica: a ciência que estuda moedas de todos os tempos e povos, classificando e interpretando esses objetos sob os mais diversos aspectos. Porém, o palestrante foi além e destacou o caráter multidisciplinar da numismática, ao interagir com campos como economia, arqueologia, metrologia, heráldica, cronologia, mitologia, política e história social.
Ele lembrou que, historicamente, a numismática foi por muito tempo restrita às medalhas antigas romanas, gregas e medievais, sobretudo no colecionismo europeu do século XIX, mas que hoje o campo abrange uma infinidade de objetos e temas correlatos.
Tenor detalhou as principais categorias que compõem a numismática:
Moedas: divididas em oficiais (emitidas por governos), exóticas (bens de troca culturais como kauris e tanga) e bullion (cunhadas para investimento em metais preciosos).
Notafilia: estudo das cédulas, subdividido em cédulas oficiais, particulares, de emergência, de conflito, sociais, políticas e publicitárias.
Medalhística: investigação de medalhas comemorativas, premiais e religiosas.
Falerística: estudo das insígnias e condecorações, que no Brasil ainda carece de maior reconhecimento acadêmico, mas que em países como Portugal conta com academias específicas.
Escripofilia: dedicada a títulos de crédito e documentos financeiros históricos, como ações, bônus e cheques antigos.
Tecnologia: abrangendo fichas monetárias, senhas bancárias, pesos monetários e objetos diversos usados como meio de troca ou controle de operações comerciais.
Tenor destacou também áreas como o colecionismo de carimbos em moedas, cédulas sociais, cupons de racionamento bélico e até moedas provisionais lastreadas em selos.
Outro ponto central da palestra foi a defesa do estudo aprofundado por meio da literatura especializada. Para Tenor, a internet facilita o acesso inicial, mas são os livros e catálogos clássicos que consolidam o conhecimento e a credibilidade dos estudos numismáticos. Ele citou autores como Visconde de Sousa Lobo e Lupercio como referências obrigatórias para qualquer pesquisador.
Como contribuição pessoal à comunidade numismática, Tenor sugeriu a inclusão da historiografia financeira como uma nova vertente da numismática. Essa área investigaria os aspectos econômicos e bancários relacionados à circulação monetária, inclusive no mundo digital das criptomoedas e transações bancárias modernas. Segundo ele, é fundamental preservar a memória econômica das sociedades por meio de documentos, cheques, ações e cartões de crédito antigos.
Gilberto Tenor encerrou sua apresentação reforçando o orgulho em integrar diversas instituições numismáticas nacionais e internacionais e ressaltou a importância de iniciativas como os Webinars da SNB para disseminar conhecimento e estimular o intercâmbio entre colecionadores, estudiosos e interessados.
O encontro evidenciou a riqueza de possibilidades que a numismática oferece além da coleção de moedas, revelando-se como uma ciência essencial para a compreensão da história econômica, cultural e social dos povos.
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