O quinto webinar da Sociedade Numismática Brasileira (SNB) trouxe como convidado especial o numismata e pesquisador Alexandre Cabral da Costa, reconhecido especialista em moedas brasileiras de prata, especialmente os históricos 960 réis. O encontro, conduzido por Bruno Pellizzari, abordou desde a origem dessas peças até suas variantes, ensaios e curiosidades, além de responder a perguntas enviadas ao vivo pela comunidade.
Alexandre é bacharel em Direito e Comunicação Social, membro ativo da SNB, da Sociedade Numismática Paranaense e da American Numismatic Association. Ele também dedica-se à obra “A Série dos Cruzados Brasileiros” e voluntariamente classifica moedas do acervo do Museu de Valores do Banco Central, CCBB e Itaú Cultural desde 2017.
Durante o encontro, Alexandre explicou que os 960 réis surgiram como uma cunhagem emergencial no Brasil, decorrente da vinda da família real portuguesa em 1808. Para suprir a necessidade de meio circulante, moedas de 8 reales espanhóis foram carimbadas e posteriormente recunhadas no valor de 960 réis, aproveitando o material já existente e agregando lucro à Coroa.
O especialista destacou que, antes da chegada da família real, a circulação de moedas espanholas já ocorria no Brasil, mas foi formalmente proibida no fim do século XVIII. Com a necessidade de moeda e a impossibilidade de trazer recursos suficientes de Portugal, decidiu-se nacionalizar esses 8 reales, inicialmente com o carimbo de Minas e depois com a recunhagem total.
Alexandre contextualizou o projeto de modernização da Casa da Moeda do Rio de Janeiro com a compra de prensas a vapor, que prometiam multiplicar a capacidade de cunhagem e reduzir custos. O projeto, liderado por Rodrigo de Sousa Coutinho e envolvendo técnicos ingleses, naufragou na costa do Pará junto com o navio que transportava os equipamentos. Com isso, a cunhagem seguiu com os antigos balancins.
O palestrante comentou sobre os raríssimos ensaios de 960 réis, incluindo casos de exemplares com alinhamento medalha e as raras peças com banho dourado (silver gilt). Abordou ainda os 960 réis de Minas Gerais (letra monetária M) e sua escassez, além das moedas recunhadas sobre bases como Lima, Potosi e México, destacando as nuances que ajudam a identificar a base original da moeda.
Um dos temas recorrentes foi a valorização e o equilíbrio de preços no mercado de 960 réis. Alexandre apontou a desproporção entre os preços de moedas em estado comum e soberbas e criticou a especulação baseada em oscilações cambiais. Ressaltou a importância de privilegiar peças de alta qualidade e raridade.
A palestra trouxe informações sobre falsificações de época e recentes, incluindo os chamados carimbos de Cuiabá, fáceis de identificar, e os carimbos paralelos supostamente atribuídos a São Paulo. Segundo Alexandre, a maioria dessas peças foi falsificada na Bahia e não há comprovação documental de cunhagem oficial em São Paulo.
Durante mais de uma hora, Alexandre respondeu a dezenas de perguntas dos participantes sobre temas como:
Diferença entre dupla batida e recunhagem.
Valor e peso dos 960 réis.
Sobrevivência estimada de peças originais.
Carimbos de Minas falsificados.
Falsificações modernas e de época.
Cunhagem paralela de moedas em épocas distintas.
Recunhagem sobre moedas coloniais.
O evento reforçou a importância dos webinares da SNB na difusão de conhecimento numismático e valorização da pesquisa histórica sobre moedas brasileiras. Alexandre finalizou desejando que iniciativas assim se tornem permanentes, contribuindo para a formação e atualização de colecionadores e estudiosos.
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Imagem | Capitulos | Modulos
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