Em mais uma edição do nosso ciclo de entrevistas exclusivas para o NumisPlay, a plataforma de conteúdo da comunidade numismática, recebemos o pesquisador Bernardo Bihr. Um entusiasta apaixonado pelas macuquinas — moedas coloniais de prata cunhadas manualmente a martelo — Bernardo compartilhou detalhes sobre suas descobertas, os desafios de identificar peças autênticas e a importância das moedas resgatadas de naufrágios históricos.
A entrevista foi conduzida por Oswaldo Rodrigues durante um encontro virtual promovido pela Sociedade Numismática Brasileira (SNB), no qual Bernardo apresentou um panorama técnico e histórico sobre o universo das macuquinas e sua circulação nas Américas e na Europa.
Bernardo relatou como se aproximou das moedas coloniais e destacou a importância dos primeiros estudos que teve acesso. Segundo ele, a obra de estudiosos como Alberto Taveira, Daniel Frank Sedwick e o brasileiro Roberto M. B. Nassar foram fundamentais para sua formação e para a compreensão da relevância histórica e documental dessas peças.
“O colecionador que mergulha nesse segmento entende que cada moeda traz marcas da história — não apenas do ponto de vista econômico, mas social e geopolítico”, afirmou.
Durante a entrevista, Bernardo detalhou o processo artesanal de cunhagem das macuquinas, feito manualmente com martelo e cunhos gravados à mão. Esse método resultava em moedas irregulares, tanto em formato quanto em peso, o que posteriormente abriu margem para fraudes como o 'clipping' — prática de raspar as bordas para extrair pequenas quantidades de prata.
Ele também explicou que cada casa da moeda na América espanhola possuía gravadores oficiais que marcavam suas iniciais nas peças, servindo como garantia da qualidade e legitimidade fiscal da moeda.
Outro ponto alto da conversa foi a importância dos tesouros náufragos, como o célebre naufrágio da frota de 1715 e o galeão Nuestra Señora de Atocha, afundado em 1622 e resgatado parcialmente na costa da Flórida nos anos 1980.
Bernardo destacou que muitas das macuquinas que sobreviveram à fundição na metrópole foram preservadas graças a esses naufrágios. “A prata destinada à Espanha muitas vezes naufragava em águas do Caribe ou Atlântico, e esses tesouros submersos, séculos depois, ajudam a manter viva a memória numismática da época colonial.”
Questionado sobre como distinguir peças autênticas de falsificações modernas, Bernardo foi categórico: “Não existe substituto para o estudo constante e a observação comparativa. A pesquisa bibliográfica e a análise de acervos de leilões e museus são indispensáveis.”
Ele também reforçou a importância de adquirir peças de vendedores e casas leiloeiras reconhecidas, além da consulta a especialistas antes de adquirir itens de alto valor histórico.
Ao final da entrevista, Bernardo Bihr refletiu sobre a relevância das macuquinas no cenário numismático mundial e na história econômica das colônias espanholas e portuguesas. Ele enfatizou que, mais do que objetos de coleção, essas moedas são documentos históricos que narram as relações de poder, comércio e resistência cultural nas Américas.
O encontro foi encerrado com elogios da audiência, que destacou a qualidade da apresentação e a riqueza de informações inéditas para muitos colecionadores.
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