
Moedas de Leprosário no Mundo
Além do Brasil, diversos países adotaram a prática de cunhar moedas exclusivas para uso em colônias de isolamento destinadas a pacientes com hanseníase, popularmente conhecida como lepra. A motivação comum em todos os casos era prevenir, de forma equivocada, a propagação da doença por meio do contato indireto com objetos de uso coletivo, como o dinheiro.
Essas moedas surgiram em diferentes momentos históricos e regiões, refletindo tanto as condições sanitárias e sociais da época quanto as políticas de controle de doenças infecciosas adotadas por governos e administrações locais.
Exemplos Internacionais Relevantes:
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Filipinas: Foram um dos países mais conhecidos pela emissão de moedas de leprosário, especialmente durante o período colonial americano, com moedas em alumínio e latão cunhadas entre 1913 e 1930 para o uso na Colônia de Culion.
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Venezuela: Entre as décadas de 1910 e 1930, foram utilizadas moedas no Lazareto Nacional de Maracaibo. As peças traziam a inscrição “Lazareto Nacional Maracaibo” e foram emitidas em valores que variavam de um oitavo a vinte bolívares.
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Panamá: Registros indicam o uso de moedas exclusivas em leprosários panamenhos no início do século XX, com peças fabricadas em ligas leves e circulação estritamente restrita às colônias.
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Colônias Africanas: Diversas colônias sob domínio europeu também adotaram moedas de leprosário, em especial em regiões controladas pela França e pela Bélgica. Essas moedas geralmente traziam a inscrição “Hôpital des Lépreux” ou o nome da colônia.
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Outros casos relevantes: Relatos e exemplares sobreviventes indicam emissões similares em países como Colômbia, Costa Rica e Nigéria, sempre com o propósito de restringir o contato monetário entre pacientes e população saudável.
Características Compartilhadas
Apesar das diferenças regionais e cronológicas, essas moedas apresentavam características comuns:
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Material simples e de baixo valor comercial.
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Design funcional e pouco elaborado.
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Valor facial adaptado às necessidades internas.
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Inscrições indicando a instituição ou colônia responsável.
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Circulação proibida fora do leprosário.
Hoje, esses exemplares são altamente valorizados por colecionadores e museus devido à sua raridade, relevância histórica e valor documental, constituindo uma vertente específica da numismática mundial: a numismática sanitária ou moedas de emergência hospitalar.
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