Casas de Fundição no Brasil

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Casa de Fundição de Salvador (Bahia)

Casa de Fundição de Salvador (Bahia)

A Casa de Fundição de Salvador, localizada na cidade de Salvador, foi uma das mais importantes casas de fundição do Brasil Colonial, desempenhando um papel central no ciclo da mineração, especialmente durante os períodos de maior exploração aurífera no país. Salvador, como principal cidade portuária e a primeira capital do Brasil, foi um dos pontos estratégicos para a Coroa Portuguesa no controle do fluxo de ouro e outros recursos preciosos.

Histórico de Fundação e Contexto

A Casa de Fundição de Salvador foi fundada no contexto da crescente exploração de ouro no Brasil, especialmente no estado de Minas Gerais, que, no século XVIII, se tornava o epicentro da mineração no país. Porém, antes de Minas Gerais ser amplamente explorada, o Brasil já possuía uma dinâmica de exploração aurífera em outras regiões, incluindo o estado da Bahia, embora não com a mesma intensidade.

Em 1693, foi criado o sistema de casas de fundição no Brasil, e Salvador, sendo o principal porto do Brasil, foi uma das cidades escolhidas para abrigar uma dessas casas. Isso ocorreu principalmente devido à centralidade da cidade nas operações comerciais da Coroa Portuguesa e sua proximidade com a Casa da Moeda no Rio de Janeiro, que era o local onde as barras de ouro eram finalmente convertidas em moedas.

A Casa de Fundição de Salvador servia como um ponto de triagem e fundição do ouro extraído da região da mineração baiana, além de desempenhar um papel importante na regulamentação do processo de exploração. O ouro, que antes era extraído e frequentemente contrabandeado sem passar pela fundição, agora era levado à casa para ser derretido e moldado em barras.

Funções e Atividades

Assim como outras casas de fundição do Brasil Colonial, a Casa de Fundição de Salvador desempenhava várias funções essenciais no ciclo de produção do ouro:

  • Fundição do Ouro: O processo de fundição era o principal papel da casa. O ouro extraído nas minas baianas era derretido e moldado em barras, o que permitia a tributação da Coroa Portuguesa. Durante esse processo, era realizada a avaliação da pureza do metal.

  • Cobrança do Quinto: O principal imposto sobre a mineração era o Quinto, que representava 20% do ouro extraído. Os mineradores eram obrigados a levar o ouro até a casa de fundição, onde o tributo era cobrado, sendo fundamental para os cofres da Coroa Portuguesa.

  • Controle sobre a Produção de Ouro: A Casa de Fundição de Salvador não apenas controlava o ouro que chegava à cidade, mas também registrava e contabilizava a quantidade de metal extraído. Isso ajudava a Coroa Portuguesa a fiscalizar a produção e garantir que o ouro não fosse desviado ou contrabandeado.

  • Envio de Ouro para a Casa da Moeda: Após a fundição, o ouro era enviado para a Casa da Moeda, localizada no Rio de Janeiro, onde as barras eram transformadas em moedas que circulavam por todo o Império Português.

Declínio e Fechamento

O declínio da Casa de Fundição de Salvador está ligado a várias questões, como o esgotamento das minas de ouro na Bahia e a mudança do epicentro da mineração para Minas Gerais. Além disso, o sistema de fundição foi centralizado ao longo do tempo, com o Rio de Janeiro se tornando o principal centro para a cunhagem de moedas.

A cidade de Salvador, que já foi o maior polo comercial e de exploração do Brasil Colonial, viu sua importância diminuir com o deslocamento da mineração para outras regiões, especialmente para o interior de Minas Gerais. Em função disso, a casa de fundição baiana foi gradualmente perdendo sua relevância e acabou sendo fechada.

Legado e Impacto Cultural

Embora a Casa de Fundição de Salvador não exista mais em sua forma original, o seu legado permanece na história da cidade e na memória da mineração brasileira. A cidade de Salvador, que ainda preserva muitos de seus aspectos históricos e culturais, tem em sua história da mineração uma marca indelével. A Casa de Fundição de Salvador reflete a complexidade do ciclo do ouro no Brasil Colonial, bem como a importância econômica e estratégica da cidade durante esse período.

A Bahia, especialmente Salvador, também é um marco na preservação das tradições culturais da época colonial. O patrimônio histórico da cidade, tombado pela UNESCO como Patrimônio Mundial, reflete a importância de Salvador no desenvolvimento da economia brasileira, que foi amplamente sustentada pela mineração durante séculos.

Além disso, a memória da Casa de Fundição de Salvador é celebrada em diversas exposições e museus que preservam o passado aurífero da região, como no Museu de Arte da Bahia e no Museu de Salvador, que trazem à tona o impacto da mineração na história social e cultural da cidade e do estado.

Conclusão

A Casa de Fundição de Salvador foi um dos pilares do controle sobre a produção de ouro no Brasil Colonial, desempenhando funções fundamentais para a regulação da mineração e a cobrança dos impostos sobre o ouro. Sua história é uma parte importante do ciclo do ouro, que teve um impacto profundo na economia brasileira e no desenvolvimento de várias regiões do país. Mesmo com o declínio da mineração e o fechamento da casa de fundição, o legado de Salvador como um centro de fundição de ouro permanece como um marco significativo na história do Brasil Colonial.


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