Casas de Fundição no Brasil

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Casa de Fundição de Goiás (Vila Boa de Goiás)

Casa de Fundição de Goiás (Vila Boa de Goiás)

A Casa de Fundição de Goiás, localizada em Vila Boa de Goiás (atualmente Cidade de Goiás), desempenhou um papel significativo no contexto da mineração no estado de Goiás durante o período colonial. Assim como outras casas de fundição espalhadas pelo Brasil, sua principal função era controlar e regular a produção de ouro, assegurando que a Coroa Portuguesa arrecadasse os impostos sobre o metal precioso extraído da região.

Histórico de Fundação e Contexto

O estado de Goiás, durante o século XVIII, foi uma das regiões mais importantes na produção de ouro no Brasil. A descoberta de minas de ouro nos rios Meia Ponte e Claro, na região que hoje compreende a cidade de Goiás, atraiu mineradores de diversas partes do Brasil, especialmente após o declínio das minas de ouro em Minas Gerais. O aumento na exploração aurífera na região fez com que fosse estabelecida uma casa de fundição para regulamentar a produção de ouro e o pagamento do imposto sobre a mineração, conhecido como Quinto.

A fundação da Casa de Fundição de Goiás remonta à década de 1730, por volta do momento em que a cidade de Vila Boa de Goiás (fundada em 1727) se tornava um centro de mineração. Como outras casas de fundição, ela foi construída para garantir o controle fiscal e o cumprimento das ordens da Coroa Portuguesa, que tinha interesse em regulamentar a produção e evitar o contrabando de ouro.

Funções e Atividades

A Casa de Fundição de Goiás teve várias funções essenciais para o controle da produção de ouro na região, que eram comuns às casas de fundição no Brasil colonial:

  • Fundição do Ouro: Os mineradores que extraíam ouro da região eram obrigados a levá-lo até a casa de fundição para que fosse derretido e transformado em barras. Esse processo não só ajudava a controlar a produção de ouro, mas também permitia que o metal fosse avaliado quanto à quantidade e qualidade.

  • Cobrança do Quinto: A cobrança do Quinto (20% sobre o ouro extraído) era um dos principais objetivos da casa de fundição. O ouro que passava pela fundição tinha que ser submetido à tributação, um imposto vital para a manutenção da Coroa Portuguesa e o financiamento do Império. O Quinto era rigorosamente fiscalizado pelas autoridades fiscais, e os mineradores tinham que pagar o imposto ao governo português, garantindo o cumprimento das normas tributárias.

  • Controle da Quantidade de Ouro: Além de fundir e cobrar impostos, a casa de fundição também desempenhava uma função de controle sobre a quantidade de ouro produzido na região. Essa fiscalização era importante para a Coroa Portuguesa, que queria ter certeza de que o ouro extraído não estivesse sendo desviado ou contrabandeado.

  • Emissão de Barras de Ouro: Após o processo de fundição, o ouro era moldado em barras, que eram então enviadas para a Casa da Moeda, para serem convertidas em moedas circulantes. O processo de fundição nas casas de fundição era, portanto, uma etapa crucial na cadeia produtiva do metal precioso.

Declínio e Fechamento

Com o passar do tempo, a exploração de ouro na região de Goiás foi gradualmente diminuindo, especialmente no século XIX, quando as minas começaram a se esgotar e a produção de ouro caiu. Esse declínio da mineração e a centralização do processo de cunhagem de moedas, com o fortalecimento das casas de fundição e da moeda em locais mais centrais, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais, contribuíram para o fechamento da Casa de Fundição de Goiás.

Além disso, o esgotamento das minas de ouro e a falta de novas descobertas de grandes jazidas na região fizeram com que a necessidade de fundição local diminuísse consideravelmente. Com o fim do ciclo do ouro, a Casa de Fundição de Goiás foi fechada, mas o legado de sua atuação permanece na memória da história da mineração em Goiás.

Legado e Impacto Cultural

Embora a Casa de Fundição de Goiás tenha sido desativada, ela permanece um símbolo do período de prosperidade da mineração na região. A cidade de Goiás, onde a casa estava localizada, preserva até hoje um valioso patrimônio histórico que remonta ao auge da mineração colonial. A cidade de Goiás foi tombada como patrimônio histórico e cultural da humanidade pela UNESCO devido ao seu valor histórico e ao legado de sua arquitetura colonial.

O Museu da Casa de Fundição de Goiás e outras instituições culturais locais mantêm viva a memória da época em que a cidade foi um centro de produção de ouro, e a história da casa de fundição faz parte do legado cultural e econômico do estado de Goiás.

Conclusão

A Casa de Fundição de Goiás, localizada em Vila Boa de Goiás, foi uma peça central no ciclo da mineração aurífera da região durante o período colonial. Sua principal função foi garantir a fundição e a tributação do ouro extraído, além de contribuir para a produção de barras que seriam posteriormente convertidas em moedas. O fechamento da casa de fundição coincidiu com o declínio da mineração no estado de Goiás e a centralização do processo de cunhagem em outras áreas do Império Português. Apesar disso, a história da Casa de Fundição de Goiás continua sendo um marco importante na memória histórica de Goiás e do Brasil colonial.


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