O surgimento do MIS de São José do Rio Preto não pode ser compreendido sem considerar o contexto histórico regional.
Durante as décadas de 1970 a 2000, o interior paulista vivenciou uma expansão econômica e cultural marcada por:
Crescimento industrial e urbano das cidades do noroeste paulista;
Difusão de rádios comunitárias e cineclubes, que aproximaram o público da produção audiovisual local;
Formação de colecionadores e documentaristas independentes, que registravam festas, desfiles, shows e manifestações populares;
Valorização da memória local como patrimônio cultural em meio à modernização acelerada.
Nesse período, a cidade de São José do Rio Preto consolidava-se como polo regional de educação, indústria e comunicação, tornando-se cenário propício para o surgimento de iniciativas de preservação audiovisual.
A tecnologia audiovisual, em constante transformação, moldou profundamente a trajetória do MIS. Entre os anos 1970 e 2010, destacam-se marcos importantes:
Cinema e Filmadoras Domésticas: O Super 8 (lançado comercialmente em 1965) tornou-se acessível a cineastas amadores, permitindo registros caseiros de eventos sociais e culturais. Filmadoras 16mm e 35mm mantinham-se como padrão profissional e documentário.
Fotografia Analógica: Equipamentos de câmeras reflex e de médio formato eram essenciais para fotógrafos amadores e profissionais. A captura de imagens registrava festas cívicas, desfiles escolares e o crescimento urbano de Rio Preto.
Rádio e Música Gravada: Discos de vinil, fitas cassete e posteriormente CDs permitiram o arquivamento de produções musicais e programas radiofônicos locais.
Processos de Edição: Moviolas, coladeiras de filmes e editores manuais possibilitavam a montagem de documentários e registros familiares. Cada operação era artesanal, exigindo paciência e técnica refinada.
Digitalização Inicial: A partir dos anos 2000, o advento do digital permitiu a preservação de acervos fotográficos, sonoros e cinematográficos, criando novas oportunidades de acesso, difusão e restauração.
A combinação desses suportes reflete a história da tecnologia aplicada à memória audiovisual, mostrando como gerações de colecionadores e produtores locais mantiveram viva a cultura visual e sonora da região.
O contexto histórico e tecnológico trouxe desafios significativos:
Fragilidade do material: Filmes em Super 8 e 16mm sofrem degradação química; fitas magnéticas e vinis se deterioram com o tempo.
Obsolescência tecnológica: Equipamentos antigos, como projetores de rolo e moviolas, exigem conhecimento especializado para manutenção e uso.
Digitalização e catalogação: O processo de conversão para formatos digitais é fundamental para preservar registros e ampliar o acesso ao público, mas demanda investimento técnico e recursos humanos qualificados.
O MIS Rio Preto, desde sua concepção, buscou superar esses desafios, combinando conhecimento técnico, paixão pelo patrimônio e colaboração comunitária.
O contexto histórico e tecnológico não existiria sem a participação direta de famílias de colecionadores, como a dos Marques e Curti, e a comunidade local. Esses grupos foram responsáveis por:
Doações de equipamentos, filmes, discos e fotografias;
Compartilhamento de conhecimento sobre operação e restauração de máquinas antigas;
Registro de eventos culturais, festas e manifestações populares, garantindo a continuidade da memória audiovisual regional.
A interação entre família, documentaristas independentes e comunidade consolidou um ecossistema cultural que preparou o terreno para a criação formal do MIS em 2012.
Entre 1970 e 2010, São José do Rio Preto vivenciou uma evolução tecnológica paralela à expansão cultural. Este período preparou o terreno para o surgimento de um museu que não apenas guarda equipamentos e arquivos, mas também conecta memória, identidade e inovação tecnológica.
O contexto histórico e tecnológico, portanto, é inseparável da trajetória de Fernando Marques e da gênese do MIS. Cada câmera, cada fita e cada rádio contam a história de uma cidade em transformação, demonstrando a importância de preservar o audiovisual como patrimônio cultural vivo.
Autor do blog:
Nilton Romani