Preservar é mais do que guardar objetos — é manter viva a essência do tempo.
Em cada fotografia amarelada, em cada móvel antigo, em cada lembrança resgatada de um passado que insiste em dialogar com o presente, há um fragmento da alma humana. O gesto de conservar, portanto, é também um ato de amor e responsabilidade com a memória coletiva.
Foi esse sentimento que guiou Paulo César Rapassi durante toda a sua trajetória. Para ele, cada peça, cada documento e cada registro não representavam apenas coisas antigas, mas testemunhos de vidas, de esforços e de histórias que não podiam ser esquecidas. O Museu Rapassi nasceu dessa visão — de que o passado, quando protegido com carinho, ilumina o caminho das gerações futuras.
Em tempos em que o efêmero domina e o esquecimento parece regra, Paulo Rapassi escolheu caminhar na contramão.
Desde cedo demonstrou fascínio pelo que muitos chamariam de “velharias”, mas que para ele eram vestígios de identidade e raízes de pertencimento. Cada objeto encontrado era recolhido, restaurado e estudado com paciência quase religiosa — não para adornar prateleiras, mas para recontar a história de um povo, de uma cidade e de uma família.
Com o passar dos anos, sua casa transformou-se em abrigo da memória, um espaço onde o tempo deixou de ser apenas cronologia para se tornar narrativa viva. Assim surgiu o que hoje conhecemos como Museu Rapassi, fruto da paixão de um homem simples que entendeu que preservar é também educar, emocionar e inspirar.
O Museu Rapassi não é apenas um acervo físico — é uma extensão da alma de seu criador.
Cada sala, cada parede e cada vitrine carrega a presença de Paulo, como se o próprio espírito do fundador ainda orientasse o visitante, sussurrando histórias de um tempo que persiste. Sua missão ultrapassou o ato de colecionar; transformou-se em um exercício de fé na memória e na cultura.
O museu, portanto, é mais do que um espaço expositivo: é um lar para o passado e uma escola para o futuro. Nele, Votuporanga encontra suas raízes e seus habitantes reencontram a si mesmos.
E é por isso que este primeiro volume — “O Fundador e Sua Obra” — nasce como homenagem e como documento: para que as próximas gerações saibam que um homem, movido por amor e consciência histórica, transformou lembranças em patrimônio e memórias em legado.
Nilton Romani