A primeira sede do Museu de Valores do Banco Central do Brasil (MVBC) foi instalada na Avenida Presidente Antônio Carlos, nº 58, no Centro do Rio de Janeiro, dentro do prédio que abrigava a então sede do Banco Central. A inauguração oficial ocorreu em 31 de agosto de 1972, marcando o início das atividades museológicas da instituição.
Na década de 1970, o Brasil vivia um período de expansão econômica e modernização institucional. O Banco Central, criado em 1964, buscava consolidar sua imagem como guardião da estabilidade monetária e promotor da educação financeira.
A criação de um museu próprio simbolizava a integração entre memória, cultura e economia, oferecendo ao público uma narrativa sobre a evolução da moeda e do sistema financeiro nacional.
A escolha do Rio de Janeiro como sede inicial foi estratégica: a cidade ainda concentrava grande parte das instituições financeiras, culturais e diplomáticas do país, mesmo após a transferência da capital para Brasília em 1960.
O espaço destinado ao museu ocupava uma área no térreo e no subsolo do edifício do Banco Central. Apesar de modesta em tamanho, a estrutura foi adaptada para abrigar:
Salas climatizadas para conservação de moedas, cédulas e medalhas;
Vitrines e expositores de vidro blindado, projetados especialmente para segurança e visibilidade;
Painéis explicativos sobre a história econômica e a evolução dos meios de pagamento;
Sala de exposições temporárias, dedicada a mostras artísticas e culturais;
Área técnica para catalogação, limpeza e registro das peças.
O projeto arquitetônico buscava equilíbrio entre funcionalidade institucional e experiência educativa, com ênfase na acessibilidade e no design expositivo.
A primeira mostra do MVBC foi intitulada “História do Dinheiro no Brasil”, apresentando:
Moedas coloniais e imperiais;
Cédulas da República;
Medalhas comemorativas de eventos nacionais;
Barras de ouro e prata utilizadas como reserva de valor;
Protótipos de cédulas e ensaios de moedas da Casa da Moeda do Brasil.
A exposição contava com legendas bilíngues (português e inglês), o que demonstrava a preocupação do museu em dialogar com pesquisadores estrangeiros e turistas.
A curadoria inicial foi formada por servidores do Banco Central com formação em numismática, história e artes visuais, apoiados por técnicos da Casa da Moeda do Brasil e do Museu Histórico Nacional.
Entre as atribuições da equipe estavam a organização do acervo, o desenvolvimento de materiais educativos e a definição das políticas de aquisição e empréstimo de peças.
Ainda no Rio de Janeiro, o MVBC começou a promover:
Exposições temporárias em parceria com instituições culturais;
Publicações de catálogos e boletins sobre numismática;
Eventos educativos voltados para escolas e universidades;
Campanhas de conscientização sobre a importância do dinheiro e da história monetária.
Essas iniciativas consolidaram o museu como espaço de referência nacional em cultura econômica e numismática.
A fase carioca do MVBC (1972–1981) foi essencial para a formação de sua identidade institucional. Foi nesse período que o museu:
Construiu sua base de acervo e metodologia de preservação;
Firmou suas primeiras parcerias culturais;
Criou o modelo de exposição que seria reproduzido em Brasília;
Tornou-se reconhecido pela comunidade acadêmica e colecionadores.
A experiência adquirida nessa primeira fase serviu de base para a transferência do museu para Brasília em 1981, quando o Banco Central consolidou definitivamente sua sede na capital federal.
Autor do blog:
Nilton Romani