A medalhística brasileira tem suas raízes na época do Período Imperial, quando a Casa da Moeda do Brasil começou a produzir medalhas para homenagens, condecorações e celebrações oficiais. Desde então, a medalha passou a ser reconhecida não apenas como objeto de valor simbólico, mas também como obra de arte em miniatura.
Com a Independência do Brasil, a medalhística tornou-se instrumento de construção da identidade nacional. Algumas características desse período incluem:
Condecorações oficiais: medalhas militares e civis que reconheciam feitos heroicos ou serviços prestados à nação;
Medalhas comemorativas: celebravam eventos importantes, como a coroação de D. Pedro II ou a inauguração de obras públicas;
Estilo artístico: influência europeia, com detalhes neoclássicos e alegorias inspiradas na mitologia greco-romana;
Mestres gravadores: artesãos especializados, formados em oficinas da Casa da Moeda ou em escolas de arte, responsáveis pelo detalhamento minucioso das peças.
Durante a República, a medalhística brasileira ampliou seus temas, refletindo transformações políticas, sociais e culturais:
Símbolos republicanos: medalhas passaram a exibir o globo celeste, o Cruzeiro do Sul e outros elementos nacionais;
Medalhas comemorativas: eventos culturais, industriais e educacionais começaram a ser celebrados;
Aperfeiçoamento técnico: introdução de novas técnicas de fundição, gravação em baixo e alto relevo e experimentação com diferentes ligas metálicas.
Nos últimos 50 anos, a medalhística brasileira consolidou-se como arte e patrimônio cultural:
Criação do Clube da Medalha (1972): incentivou colecionadores, artistas e pesquisadores a desenvolverem trabalhos autorais;
Séries comemorativas nacionais e internacionais: como os Jogos Olímpicos Rio 2016 e os Bicentenários da Independência, com projetos artísticos contemporâneos;
Inovação técnica: técnicas avançadas de gravação, fundição, uso de materiais nobres e acabamento refinado;
Educação e divulgação: a CMB promove oficinas, exposições e publicações que ensinam a história da medalha e estimulam o colecionismo.
A medalhística no Brasil não é apenas um registro histórico, mas uma expressão artística que reflete a identidade, os valores e a memória nacional. Cada medalha é um testemunho do período em que foi criada, combinando técnica, estética e simbolismo.
O estudo das medalhas brasileiras permite compreender a evolução do país em diversas dimensões — política, social, cultural e econômica — consolidando a Casa da Moeda como guardião da memória e da arte em metal.
Autor do blog:
Nilton Romani