Após cinco anos de operação em Salvador, a Casa da Moeda do Brasil passou por uma mudança estratégica, sendo transferida para o Rio de Janeiro entre 1699 e 1703. Essa decisão refletiu considerações logísticas, econômicas e políticas, fundamentais para o fortalecimento da soberania monetária da colônia.
A mudança de Salvador para o Rio de Janeiro foi motivada por diversos fatores:
Proximidade das minas de ouro de Minas Gerais: o Rio de Janeiro oferecia um acesso mais rápido às rotas de transporte de ouro e prata.
Centralização do comércio internacional: o porto carioca já se destacava como principal ponto de embarque e desembarque de riquezas e mercadorias.
Segurança e fiscalização: o novo local permitia maior controle sobre o transporte de metais preciosos e dificultava o contrabando.
A instalação inicial no Rio de Janeiro manteve a estrutura artesanal da Casa da Moeda, mas com algumas adaptações:
Ampliação do espaço físico para comportar fundição, laminação e cunhagem.
Reaproveitamento de mestres-gravadores e artesãos de Salvador, combinados com novos profissionais locais.
Maior vigilância e controle fiscal, garantindo segurança na manipulação do ouro e da prata.
O ambiente refletia uma oficina de cunhagem colonial avançada, preparada para atender à crescente demanda monetária.
Durante o período de transição (1699–1703), a produção incluiu:
Moedas de ouro e prata, continuando a tradição das patacas e réis.
Aprimoramento gradual da qualidade das peças, com cunhagem mais uniforme e definição mais clara nos relevos.
Documentação dos processos, que passou a registrar peso, diâmetro e quantidade de metais fundidos, criando os primeiros arquivos técnicos da CMB.
Essa produção marcou a padronização inicial da moeda brasileira, estabelecendo critérios que seriam mantidos nos séculos seguintes.
A transferência enfrentou obstáculos importantes:
Logística de transporte de metais preciosos em meio a estradas precárias e distâncias longas.
Integração de equipes e adaptação às novas instalações, mantendo a qualidade artesanal das moedas.
Controle fiscal contínuo para evitar desvios de metais ou falsificações.
Apesar desses desafios, a mudança foi concluída com sucesso, garantindo continuidade operacional e aumento da eficiência da cunhagem.
A mudança para o Rio de Janeiro consolidou a Casa da Moeda como centro estratégico de produção monetária, mais próxima das regiões mineradoras e dos portos comerciais. Esse período é considerado fundamental para a consolidação da soberania monetária brasileira, servindo de base para o desenvolvimento da moeda imperial e da estrutura industrial que se formaria nos séculos seguintes.
Autor do blog:
Nilton Romani