“João Joaquim Hoje: O Que Ainda Sonha, o Que Ainda Luta”**
*“Eu não parei. Só caminho mais devagar.
A luta mudou de forma — mas não de fundo.
O sonho cresceu — mas não fugiu do chão.
E o que me move hoje é a mesma coisa que me moveu ontem:
ver o povo descobrir que ele mesmo é a solução.”*
— João Joaquim, em conversa com jovens do Conjunto Palmeiras, 2025
João Joaquim hoje caminha com passos mais lentos — mas com olhar ainda mais afiado.
— Os cabelos estão brancos.
— As mãos, marcadas pelo tempo e pelo trabalho.
— A voz, mais mansa — mas ainda capaz de incendiar corações.
Ele não frequenta mais todas as assembleias. Mas aparece — de surpresa — quando sente que a essência está em risco.
“Chego sem avisar. Sento na última cadeira. Escuto. Depois falo — só se for preciso.”
Perguntam se ele se aposentou. Ele ri:
“Aposentado é quem para de sonhar. Eu tô é em ‘sonhentadoria’ — fase em que o sonho vira semente pra outros plantarem.”
“Ver jovem criando moeda digital comunitária no celular — e usando pra comprar pão na padaria da esquina.”
“A tecnologia não nos afastou — nos aproximou. O Palmas começou com caderno e lápis. Hoje, um menino de 16 anos criou um app de troca solidária. Isso é evolução com alma.”
“Ver indígena emitindo moeda com desenho de seu povo — e turista aceitando porque entendeu que aquilo é sagrado.”
“Quando o Tupinambá lançou sua moeda, chorei. Não de saudade — de vitória. A economia voltou a ter rosto, língua, ritual.”
“Ver prefeito copiar o modelo — mas entregar o controle pro povo, não pra secretaria.”
“Tem gestor público hoje que entendeu: o poder não é dele — é da comunidade. Isso é revolução silenciosa.”
“Ver moeda social virar ‘moeda de marketing’ — aceita só na foto, não na prática.”
“Tem lugar que adota moeda social pra aparecer em projeto — mas não muda nada na vida do pobre. Isso me dói. Moeda sem circulação é papel morto.”
“Ver jovem achando que app resolve tudo — e esquecer que economia solidária é olho no olho, mão no ombro, café compartilhado.”
“Tecnologia é ferramenta — não é fim. Se perder o afeto, vira mais um app de banco. E a gente não quer isso.”
“Ver o sistema tentando engolir tudo — chamando de ‘inovação social’ o que sempre foi resistência popular.”
“Cuidado com o capital que abraça a economia solidária. Ele não quer destruir — quer domesticar. E o domesticado perde o dente.”
“Comece pequeno. Comece errado. Comece sem permissão.”
“Não espere estrutura. Não espere financiamento. Não espere autorização. Reúna três pessoas. Façam um acordo. Empres tem. Cobrem depois. A confiança é a moeda mais forte — e a mais barata.”
“Não copie o Palmas. Copie a coragem do Palmas.”
“O modelo não importa. O que importa é o princípio: o povo no centro. Se sua moeda valoriza o local, se seu banco escuta a comunidade, você já acertou.”
“Não tenha medo de fracassar. Tenha medo de não tentar.”
“O primeiro empréstimo do Palmas foi de R$ 18. Hoje, parece pouco. Naquele dia, era o mundo. Comece com o que você tem — não com o que falta.”
“E, acima de tudo: nunca perca o chão.”
“Se você subir demais, vira projeto. Se ficar no chão, vira vida. E é a vida que a gente quer transformar.”
Numa conversa mais íntima, João confessa:
“Sonho com um Brasil onde toda comunidade tem seu próprio banco — não porque é bonito, mas porque é necessário.
Sonho com uma moeda que não precise de nome — porque todo mundo entende que o valor está na relação, não no papel.
Sonho com um dia em que ninguém mais precise de herói — porque todo mundo virou protagonista.
E, se eu viver pra ver isso... aí sim, eu descanso.”
(Sugestão para você gravar com ele — e incluir no livro em QR code ou transcrição)
(Deixe espaço no livro para transcrever as respostas dele — ou cole o QR code do áudio.)
(Inserir aqui 1 página em branco com linhas pautadas e o título:)
“João, este capítulo é sobre você hoje — seus sonhos, suas lutas, seus conselhos.
Está certo? Está errado? Falta alguma frase? Algum sonho que você ainda guarda em segredo?
Corrija. Acrescente. Risque. Escreva uma carta para o jovem que quer começar hoje.
Este livro é seu — e só estará completo quando passar pelas suas mãos.”
Foto recente de João Joaquim — sentado na calçada do Conjunto Palmeiras, cercado por jovens, sorrindo enquanto alguém mostra um celular com app de moeda social. Ou foto dele segurando uma cédula antiga do Palmas e uma nova de outro banco — como quem segura passado e futuro.
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