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Quando o Mundo Descobriu o Palmeiras







“Quando o Mundo Descobriu o Palmeiras”**

 

“De repente, o mundo começou a bater na nossa porta.
Gringos com câmera.
Jornalistas com bloco.
Pesquisadores com questionário.
Funcionários de ONG com proposta.
Eles queriam ver o ‘milagre do Palmeiras’.
Nós ríamos por dentro: milagre nenhum.
Foi suor, fé, teimosia — e a certeza de que o povo, quando se organiza, vira potência.”

— João Joaquim, em conversa com jovens do Banco Palmas, 2003

 

 

📰 A PRIMEIRA REPORTAGEM — QUANDO O PALMEIRAS ENTROU NO RADAR

Foi num jornal pequeno, regional — mas foi o primeiro.

 

“Bairro pobre cria seu próprio banco e sua própria moeda — e funciona.”

 

A matéria era simples, quase ingênua. Mas trazia fotos: da moeda colorida, da reunião na calçada, de Dona Marta sorrindo com sua máquina de costura.

 

João leu e guardou o recorte — não por vaidade, mas como prova de que era possível ser visto sem ser espetáculo.

 

“Até então, só aparecíamos no jornal quando tinha violência, despejo, morte.
Pela primeira vez, aparecemos porque inventamos vida.”

 

A reportagem virou semente. Outros jornalistas vieram. Depois, repórteres de TV. Depois, documentaristas.

 

“Eles queriam saber: como vocês fizeram isso? Quem é o gênio por trás?”
Eu respondia: “O gênio é a Dona Lourdes, que aceitou a moeda na mercearia.
O gênio é o Seu Zé, que consertou a máquina de xerox pra imprimir as cédulas.
O gênio é a assembleia de terça-feira, que decide quem recebe o empréstimo.”

 

 

🌍 A ONDA INTERNACIONAL — QUANDO HARVARD BATEU À PORTA

Veio gente de todo canto.

 

Pesquisadores de Harvard queriam entender o “modelo de inclusão financeira sem dependência institucional”.
Representantes da ONU-Habitat viam no Palmas um “case de desenvolvimento urbano com protagonismo comunitário”.
Equipes do Banco Mundial buscavam “soluções de microfinança de baixo custo e alto impacto social”.
Ativistas da Espanha, da Argentina, da Índia, da África do Sul — todos queriam aprender.

 

João os recebia — sempre com café, sempre com histórias, nunca com discurso pronto.

 

“Não somos modelo. Somos experiência.
Não temos fórmula. Temos escuta.
Não replicamos — inspiramos.”

 

Ele os levava para ver:

 

— A feira onde a moeda circulava mais que o real.
— A oficina de costura que empregava 10 mulheres.
— O mural onde as crianças desenhavam “como eu vejo o Palmas”.
— O caderno de empréstimos — sem assinatura de gerente, só de vizinhos.

 

“Eles vinham querendo números. Saíam levando alma.”

 

 

🎥 O DOCUMENTÁRIO — QUANDO A HISTÓRIA VIROU IMAGEM

Em 2005, uma equipe de cinema independente fez um documentário: “Palmas: A Revolução pela Moeda”.

 

Mostrou tudo: a reunião na calçada, a impressão artesanal das cédulas, o choro de Dona Marta no primeiro empréstimo, a risada de João dizendo: “Eles acham que a gente é maluco. Mas maluco é quem acha que o sistema atual dá certo.”

 

O filme rodou festivais. Ganhou prêmios. Virou material de estudo em universidades.

 

“Até hoje, quando alguém quer entender o que é economia solidária no Brasil, alguém fala: ‘Vai ver o filme do Palmas.’”

 

João nunca assistiu inteiro. Dizia:

 

“Filme é bonito — mas a vida real é mais bonita.
O filme mostra o que a gente fez.
A vida mostra o que a gente continua fazendo.”

 

 

🏆 OS PRÊMIOS — QUANDO O RECONHECIMENTO CHEGOU

Veio o Prêmio Empreendedor Social (Folha de S.Paulo / Schwab Foundation).
Veio o Prêmio Direitos Humanos (Governo Federal).
Veio o convite para palestrar em Genebra, Barcelona, Buenos Aires, Nova Delhi.

 

João foi a alguns — sempre levando alguém da comunidade junto.

 

“Se eu vou falar do Palmas, quem tem que falar sou eu? Não. É quem viveu.”

 

Em Genebra, diante de diplomatas e economistas, ele disse:

 

“Vocês falam de ‘inclusão financeira’ como política.
Pra gente, é sobrevivência.
Vocês falam de ‘moeda local’ como experimento.
Pra gente, é dignidade.
Não estamos aqui pra receber prêmio. Estamos aqui pra lembrar: o futuro da economia está nas mãos do povo — não nos bancos.”

 

 

💔 O LADO SOMBRA DO RECONHECIMENTO

Mas nem tudo foi festa.

 

— Alguns moradores começaram a se sentir “atração turística”.
— Alguns comerciantes passaram a aceitar a moeda só pra aparecer na foto.
— Alguns jovens acharam que o Palmas era “coisa de famoso” — e deixaram de participar das assembleias.
— O ritmo acelerou. As reuniões viraram “eventos”. Os cadernos viraram “documentos oficiais”.

 

João percebeu — e freou.

 

“Fama é perigosa. Ela faz a gente esquecer por que começou.
Prêmio é bonito — mas não paga conta.
Reconhecimento é honra — mas não substitui o pão.”

 

Reuniu a comunidade:

 

“Escutem: o mundo pode aplaudir. Mas quem sustenta isso aqui somos nós.
Se a gente perder o chão, vira espetáculo. E espetáculo, quando acaba, deixa só lixo.”

 

Voltaram às raízes:

— Assembleia na calçada.
— Decisão por consenso.
— Moeda que só vale se circular entre quem produz e consome localmente.

 

“O mundo pode descobrir a gente. Mas quem decide o rumo somos nós.”

 

 

✍️ ESPAÇO PARA JOÃO JOAQUIM

(Inserir aqui 1 página em branco com linhas pautadas e o título:)

 

“João, este capítulo é sobre quando o mundo descobriu o Palmeiras — e o que isso trouxe (de bom e de ruim).
Está certo? Está errado? Falta algum nome? Alguma viagem? Alguma frase que você soltou na cara de um gringo?
Corrija. Acrescente. Risque. Conte o que sentiu quando viu seu nome num prêmio internacional.
Este livro é seu — e só estará completo quando passar pelas suas mãos.”

 

 

📸 SUGESTÃO DE IMAGEM PARA ABRIR O CAPÍTULO:

Foto de João Joaquim sendo entrevistado por uma equipe internacional — com fone de ouvido, sorrindo, cercado por moradores. Ou foto da capa do documentário “Palmas: A Revolução pela Moeda”. Ou foto dele segurando um prêmio — com cara de quem está segurando algo estranho, mas honrado.



Fonte:

Autor do blog: Nilton Romani

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