Você nunca viu as moedas comemorativas do Tricampeonato de Futebol? Não se preocupe. Ninguém viu porque nunca existiram. Mas foram pensadas.
Sabe-se que a vitória do Brasil na Copa do México, em 1970, trouxe uma onda de euforia patriótica ao nosso país, fenômeno de que muito se aproveitou o Regime Militar.
A ata da 165ª sessão do Conselho Monetário Nacional (CMN), ocorrida em 24 de novembro de 1970, traz uma notícia sobre essas possíveis moedas. Uma empresa chamada Hélio Vaz de Mello e Associados Ltda., representando um grupo internacional (qual seria a documentação não diz), procurou o Ministro da Educação, na época Jarbas Passarinho, para apresentar um plano de emissão de cunhagem de moedas de prata e ouro. Caberia ao governo, pela autorização, o recebimento de US$ 3 milhões, em valores da época, que seriam aplicados no Programa Desportivo Nacional.
O Ministro da Educação, em ofício, repassou o assunto para análise do então Presidente da República, o general Emílio Médici e acabou por ir parar no Banco Central (BC) e no CMN.
A coisa toda perdeu-se no interesse dos royalties, que deveriam ser absorvidos pelo Ministério da Educação. O montante inicial de cunhagem seria de US$ 20 milhões, mas foi considerado alto por duas empresas italianas consultadas pelo BC (Numismatica Italiana e Italcambio), que retiveram ser a emissão inoportuna em vista do mercado numismático de então.
Apesar de tudo, a Italcambio propôs uma emissão de Cr$ 66 milhões (US$ 13 milhões) e a Numismatica Italiana uma de Cr$ 6,64 milhões (US$ 1,9 milhão). O Banco Central procedeu a alguns estudos, havia tido como mais conveniente o plano da Italcambio, e estabeleceu que as moedas seriam de prata (50, 100 e 150 cruzeiros) e ouro (200, 500, mil e 2 mil cruzeiros).
O CMN deu autorização para o prosseguimento dos estudos, mas nada mais se disse a respeito, e o assunto caiu no esquecimento.
Fonte: Sérgio Mendes, Colégio da Numismática
Autor do blog: Sérgio Mendes