A moeda de 960 Réis tem sua origem diretamente ligada ao contexto histórico da presença portuguesa no Brasil, mais especificamente ao período em que a Família Real Portuguesa transferiu-se para a colônia em 1808. Para atender à necessidade imediata de numerário metálico, foi adotada a sobrecunhagem de moedas estrangeiras — principalmente as espanholas de 8 Reales — que circulavam amplamente na América Latina.
A técnica de sobrecunhagem consistia em aplicar marcas e inscrições sobre as moedas estrangeiras já existentes, transformando-as em moedas de curso legal brasileiras. Essa prática permitiu uma rápida ampliação da oferta monetária sem a necessidade de produzir moedas do zero, além de assegurar a legitimidade e o controle da Coroa Portuguesa sobre a circulação monetária.
Fisicamente, o 960 Réis é uma moeda confeccionada em prata, material que conferia valor intrínseco e garantia sua aceitação no mercado. Visualmente, destaca-se a presença do brasão da Coroa Portuguesa, as inscrições identificando o reinado de Dom João VI — com a legenda “João VI D.G. Port. Bras. et Algar. Rex” — e as marcas de reselagem que indicavam sua adaptação e validação como moeda brasileira.
Além disso, havia indicações da Casa da Moeda responsável pela cunhagem, como a letra “R” para o Rio de Janeiro e “B” para a Bahia, reforçando o controle local da produção monetária. Essas características físicas e simbólicas fizeram do 960 Réis não apenas um instrumento econômico, mas também um símbolo de soberania e organização financeira no Brasil colonial.
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