ACESSE SUA CONTA   |   facebook

Cadastre-se   //   Vantagens   //   Esqueci minha senha

História Viva da Numismática em Santos: Entrevista com Manoel Farinhas







Entrevistador: Oswaldo Rodrigues
Entrevistado: Manoel Farinhas
Publicação: NumisPlay – Sociedade Numismática Brasileira


Introdução

Nesta edição especial do NumisPlay, o historiador e colecionador Manoel Farinhas compartilha, com entusiasmo e profundidade, a história do Clube Filatélico e Numismático de Santos (CFNS). Fundado em 1939, o clube é um dos mais antigos e relevantes do Brasil, tendo promovido ao longo das décadas exposições, publicações, cunhagens e ações educativas que marcaram época.

A conversa conduzida por Oswaldo Rodrigues revela, além da história institucional, as memórias pessoais de um tempo de descobertas, formação e amizade através da numismática.


Fundado com Propósito e Tradição

O CFNS teve sua origem formal como Núcleo Filatélico de Santos, em 11 de outubro de 1939. Em 1941, passa a se chamar Clube Filatélico de Santos, e finalmente, em 1943, adota o nome atual, incorporando oficialmente a numismática. A história do clube está marcada por grandes eventos filatélicos e numismáticos, entre eles a célebre Sampex 1949, que homenageou o centenário de nascimento de Rui Barbosa.


A Sampex e Suas Contribuições

A série de exposições Sampex (Santos Philatelic and Numismatic Exposition) marcou época. A edição de 1949 teve medalhas cunhadas em prata, bronze e outros metais, além da produção de barras numeradas em prata, cuidadosamente embaladas em estojos — verdadeiras joias da memória colecionista.

Também foram criadas peças carimbadas sobre moedas de 960 réis e 2.000 réis, todas com certificados. Essas cunhagens comemorativas, feitas com zelo artístico e histórico, são hoje altamente valorizadas.


Um Clube com Medalhística Própria

O CFNS se destacou por desenvolver sua própria medalhística institucional. Medalhas como as da segunda Sampex, em 1955, celebrando o aniversário de Santos, ou da terceira, em 1956, em homenagem a Santos Dumont e ao Congresso Brasileiro de Turismo, são exemplares de alto nível técnico e simbólico.

Além disso, o clube elaborou carimbos obliteradores, medalhinhas comemorativas e, com frequência, concedia prêmios físicos aos expositores, reforçando o prestígio dos encontros.


Reorganização e Nova Fase

O clube passou por um período de inatividade entre os anos 1970 e 1980. Foi reativado em 11 de outubro de 1985, com nova geração de colecionadores, entre eles o próprio Manoel Farinhas. Nessa fase, destacou-se a promoção de encontros, cursos e exposições conjuntas entre numismatas e filatelistas.

Destaca-se a medalha da reabertura do clube, em 1986, dedicada ao Padre Bartolomeu de Gusmão — um exemplo de como o CFNS une temas históricos nacionais à prática numismática local.


Educação e Formação de Colecionadores

Durante a reorganização, o CFNS se tornou um polo de formação. Jovens estudantes frequentavam as reuniões semanais, participavam de minicursos sobre moedas e selos e se engajavam na produção do boletim informativo do clube.

Segundo Farinhas, esse espírito de união e aprendizado coletivo “formou não apenas colecionadores, mas também amizades duradouras e uma geração comprometida com a preservação da memória”.


Cunhagens Recentes e Reflexão Crítica

O CFNS retomou a tradição das cunhagens comemorativas em 2010 e 2011, com carimbos aplicados sobre moedas antigas, em tiragens limitadas, com o apoio da Sociedade Numismática Brasileira.

Contudo, Manoel Farinhas propõe uma reflexão crítica sobre o carimbo em moedas históricas. Reconhecendo o valor simbólico das cunhagens comemorativas, alerta para o risco de danificar peças raras e de alta conservação. Defende que “a memória pode ser celebrada sem ferir o patrimônio original”.


Preservação, Ética e Formação Contínua

A entrevista traz ainda considerações sobre o papel dos clubes e das sociedades numismáticas na formação ética e técnica dos colecionadores. Farinhas sugere que, além de atrair crianças, é fundamental investir nos adultos iniciantes, oferecendo formação continuada, orientação bibliográfica e espaços de troca entre gerações.


Considerações Finais

Manoel Farinhas nos oferece um retrato apaixonado, detalhado e honesto do Clube Filatélico e Numismático de Santos. Seu trabalho como historiador, educador e curador da memória do clube revela que colecionar é, sobretudo, preservar e partilhar história.

O CFNS é, sem dúvida, um exemplo de resiliência e vocação cultural — um espaço onde a numismática encontra significado coletivo e formação cidadã.



Fonte:

Autor do blog: Nilton Romani

Voltar
Compartilhar
Facebook Twitter YouTube Feed de notícias
Coleções de Cédulas e Moedas Brasileiras © 2014. Todos os direitos reservados.