A série de entrevistas promovida pela Sociedade Numismática Brasileira (SNB) tem revelado rostos e histórias que constroem o presente e o futuro da numismática no Brasil. Neste episódio, Osvaldo Rodrigues conversa com Gabriel Thomas, fundador da Sociedade Numismática de Joinville (SNJ), em Santa Catarina. Jovem, engajado e apaixonado, Gabriel representa uma geração que une tradição e inovação para fortalecer a cultura numismática no país.
Tudo começou com o avô, que em Curitiba, nos anos 2000, apresentou ao neto sua coleção de cédulas — já bastante selecionada e bem conservada. O presente acabou sendo também uma passagem de bastão: Gabriel herdou não apenas as cédulas, mas o espírito colecionador. Com o tempo, o interesse se expandiu para as moedas e o estudo da história, geografia e conservação.
"Meu avô era colecionador, mas não numismata. Isso só mudou quando passei a frequentar a feirinha do Largo da Ordem e conheci grandes nomes da numismática paranaense."
Ao perceber que em Joinville, cidade com mais de 600 mil habitantes, faltava um ponto de encontro para os interessados no tema, Gabriel e um grupo de jovens decidiram agir. A SNJ começou em 2014, literalmente no salão de festas de um condomínio, e hoje organiza eventos de âmbito nacional, como o último encontro realizado no Hotel Bourbon, com palestras e participação de numismatas de todo o Brasil.
"A sociedade numismática é o que mantém a numismática viva. Sem ela, colecionamos no escuro."
Gabriel é enfático ao destacar que o foco da SNJ é o estudo científico. A sociedade mantém uma biblioteca rica com boletins, catálogos e revistas — grande parte doada por colecionadores experientes. Além disso, incentiva a leitura e a pesquisa como forma de combater fraudes, evitar a circulação de moedas falsas e fortalecer o conhecimento dos associados.
"A moeda sozinha, fora do contexto, vale muito pouco. É dentro da comunidade que ela ganha sentido."
A SNJ nasceu entre jovens e se mantém viva com o apoio deles. Redes sociais como Facebook, Instagram e YouTube são ferramentas fundamentais para divulgação, captação de interessados e organização de eventos. A tecnologia também ajuda na democratização do conhecimento e na troca entre diferentes gerações de colecionadores.
Gabriel compartilha ainda suas experiências com museus numismáticos, como o de Santiago, no Chile, e fala da importância de manter um acervo físico bem armazenado. Ele utiliza cápsulas de acrílico e moedeiros, mas reconhece que envelopes de papel ainda são os mais indicados para a saúde das moedas.
"Joinville é muito úmida. Aqui, cuidar da conservação é essencial — especialmente das cédulas."
Entre os planos da SNJ estão o lançamento de um boletim institucional e a criação de um catálogo com as peças do acervo da sociedade — que inclui itens raros como moedas locais cunhadas para fazendas da região de Pirabeiraba. A ideia é documentar, preservar e compartilhar essas histórias com o público.
Gabriel encerra com uma mensagem inspiradora: criar e manter uma sociedade numismática é desafiador, mas essencial. E o mais importante: não é preciso ser um especialista para participar. O que conta é a vontade de colaborar, aprender e crescer junto.
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