Durante os séculos XVIII e XIX, o Brasil, então colônia de Portugal, enfrentava uma grande carência de numerário metálico para suprir a economia local. Uma das soluções adotadas foi a utilização de moedas estrangeiras, especialmente as de prata espanholas — as conhecidas moedas de 8 Reales, popularmente chamadas de patacas ou pesos duros.
Para legalizar o uso dessas moedas no território brasileiro, o governo português autorizou o carimbo oficial sobre as moedas de 8 Reales, atribuindo-lhes o valor de 960 Réis.
A escolha pelo valor de 960 Réis não foi aleatória. Ela correspondia ao valor aproximado do conteúdo metálico de prata das moedas de 8 Reales em relação ao padrão monetário português vigente. Caso fosse atribuído o valor de 1000 Réis, estaria havendo uma supervalorização da peça, ou seja, o valor nominal estaria acima do valor metálico real, o que poderia gerar prejuízos ao erário e desestabilizar as transações comerciais da época.
O número 960 foi definido a partir do cálculo de conversão entre os sistemas monetários, considerando o teor de prata e o peso da moeda espanhola, estabelecendo uma relação justa e equilibrada.
Posteriormente, já no período imperial brasileiro, com a criação de uma moeda própria e nacionalizada, surgiram as moedas de 1000 Réis e outras denominações elevadas. Essas peças, cunhadas oficialmente pelas casas da moeda brasileiras, seguiam padrões próprios de peso e liga metálica.
Até hoje, as moedas de 960 Réis carimbadas são muito valorizadas pelos colecionadores e estudiosos da numismática por representarem um período de transição econômica e política importantíssimo da história brasileira — a vinda da família real portuguesa e a reorganização monetária local.
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