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Oficina de Cunhagem de Diamantina (Minas Gerais)







Oficina de Cunhagem de Diamantina (Minas Gerais)


1. Introdução

A Oficina de Cunhagem de Diamantina, instalada na então vila de Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina, Minas Gerais), foi uma das unidades criadas para atender a necessidades fiscais e monetárias específicas durante o auge do Ciclo do Diamante, no século XVIII. Diferentemente das tradicionais Casas de Cunhagem, a Oficina de Diamantina possuía características operacionais distintas, ajustadas à realidade local e ao controle rígido que a Coroa Portuguesa impunha sobre a extração diamantífera.

Neste artigo, vamos explorar a origem, funcionamento, moedas produzidas e importância histórica dessa oficina, que integrou o sistema monetário colonial luso-brasileiro.


2. Contexto Histórico

2.1 O Ciclo do Diamante e o Controle da Coroa

A descoberta de diamantes na região do Arraial do Tijuco no início do século XVIII revolucionou a economia colonial. Devido ao altíssimo valor dessas gemas, a Coroa Portuguesa implantou um rígido regime de controle, conhecido como Distrito Diamantino, estabelecendo limites para circulação de pessoas, comércio e extração de riquezas.

Para garantir a tributação eficiente e a fiscalização sobre o ouro e os diamantes extraídos, foi criada uma oficina de cunhagem no próprio Arraial do Tijuco.

2.2 Por Que Uma Oficina e Não Uma Casa Cunhadora?

Diferente das Casas de Cunhagem, que tinham estrutura administrativa e jurídica própria, a Oficina de Diamantina funcionava como uma extensão administrativa subordinada ao sistema de casas cunhadoras do Reino. Isso se devia:

  • Ao caráter altamente controlado da exploração diamantífera.

  • À menor necessidade de emissão de moedas em grande volume.

  • À política de evitar a descentralização monetária em regiões sensíveis.


3. Funcionamento e Estrutura

3.1 Atividades Realizadas

A Oficina de Diamantina era responsável por:

  • Fundir e fundear ouro recolhido como quinto real.

  • Produzir moedas locais em pequenas quantidades, conforme demanda fiscal e comercial da região.

  • Recolher e derreter moedas danificadas ou desvalorizadas.

  • Realizar controle rigoroso sobre o volume monetário em circulação na região diamantífera.

3.2 Estrutura Física e Operacional

De acordo com registros históricos, a oficina contava com:

  • Forno de fundição

  • Pequenas prensas de cunhagem

  • Ambientes administrativos e de guarda

  • Presença constante de representantes da Intendência dos Diamantes, órgão fiscalizador da Coroa.

Por sua localização estratégica e pelo controle absoluto da região, o ambiente era de vigilância intensa.


4. Tipos de Moedas Produzidas

A Oficina de Cunhagem de Diamantina produziu moedas em ouro, limitadas e controladas, geralmente com as seguintes características:

  • Valores de 400 réis a 3.200 réis

  • Marcas de identificação específicas

  • Brasão da Coroa Portuguesa

  • Data e indicativos do Distrito Diamantino

Devido ao caráter restrito e sigiloso da operação, poucas dessas moedas sobreviveram, tornando-as raríssimas e de alto valor para colecionadores e numismatas.


5. Importância Econômica e Fiscal

A criação da Oficina em Diamantina atendeu a diversas finalidades estratégicas:

  • Facilitar a arrecadação do quinto do ouro no próprio Distrito Diamantino.

  • Evitar o transporte clandestino de ouro e diamantes não declarados.

  • Regular o comércio local e suprir a carência de moeda em uma região isolada.

  • Fortalecer o controle estatal sobre uma das áreas economicamente mais sensíveis do Brasil colonial.

Seu papel era menos comercial e mais fiscal, contribuindo diretamente para o caixa régio.


6. Encerramento das Atividades

A oficina funcionou enquanto a produção de diamantes se manteve elevada e o controle régio ativo. Com o progressivo declínio da extração e a gradual abertura econômica da região no século XIX, suas atividades foram extintas, absorvidas pelo sistema de cunhagem centralizado, principalmente no Rio de Janeiro.


7. Legado Histórico

A Oficina de Cunhagem de Diamantina é um importante marco do sistema monetário e fiscal do Brasil colonial:

  • Representou o modelo de controle máximo da Coroa sobre a mineração.

  • Contribuiu para a organização monetária da região do Tijuco, fundamental para o comércio e a economia local.

  • Suas moedas, hoje extremamente raras, são testemunhos da história numismática e econômica brasileira.

A cidade de Diamantina, atualmente Patrimônio Mundial da Humanidade, preserva em sua arquitetura e memória aspectos dessa época de intensa riqueza e controle colonial.


8. Conclusão

A Oficina de Cunhagem de Diamantina revela como o sistema colonial português era capaz de adaptar suas estratégias monetárias e fiscais para atender regiões de exploração sensível. Embora de menor escala que as Casas da Moeda, sua função e importância foram determinantes para o equilíbrio econômico e político durante o Ciclo do Diamante.



Fonte:

Autor do blog: Nilton Romani

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