Biografia
Gustavo Henrique de Barroso Franco - 20/8/1997 a 4/3/1999
Gustavo Henrique de Barroso Franco - 31/12/1994 a 11/1/1995 (interino)
Gustavo Henrique de Barroso Franco (Rio de Janeiro, 10 de abril de 1956) é um economista brasileiro e ex-presidente do Banco Central do Brasil. É mais conhecido por ter integrado a equipe responsável pela criação e implementação do Plano Real.[1] Foi filiado ao PSDB por 28 anos, de 1989 a 2017, quando trocou a sigla pelo Partido Novo, tornando-se o presidente da Fundação Novo.[2] É também estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos e presidente do Instituto Millenium.
Carreira
Filho de Guilherme Arinos Lima Verde de Barroso Franco (assessor e amigo do Presidente Getúlio Vargas, membro da primeira diretoria do BNDES) e Maria Isabel Barbosa de Barroso Franco, Gustavo Franco graduou-se (1975-1979) em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e, em seguida, completou seu mestrado, também pela PUC-Rio, com dissertação defendida em 1982, primeira colocada em 1983 no Prêmio BNDES de Economia para teses de mestrado.[1]
Esta tese foi seu primeiro livro publicado, com o título Reforma monetária e instabilidade durante a transição republicana. Em seqüência, doutorou-se na Universidade de Harvard, 1982-1986, onde estudou a hiperinflação sofrida nos anos vinte pela Alemanha, Polônia, Áustria e Hungria. Esta tese venceu o Prêmio Haralambos Simionides em 1987, para a melhor tese ou livro de economia, prêmio concedido pela ANPEC, Associação Nacional de Centros de Pós Graduação em Economia.[1]
Em seguida, retornando ao Brasil, para o Departamento de Economia da PUC do Rio de Janeiro, foi professor, pesquisador e consultor em assuntos de economia, durante 1986-1993, especializando-se em inflação, estabilização, história econômica e economia internacional, áreas em que publicou extensamente.[1]
Nesta época publicou, além de inúmeros artigos em revistas acadêmicas, publicou o livro Foreign direct investment and industrial restructuring: issues and trends (com Winston Fritsch), publicado pelo Development Centre Studies, OECD Development Centre, OECD, Paris, 1991. O mesmo livro foi publicado simultaneamente, e na mesma série, em francês, com o título L'Investissement Direct à l'Etranger au Brésil: son incidence sur la restructuration industrielle. Publicou também, pelo IPEA-INPES, A Década Republicana: o Brasil e a economia internacional - 1888/1900 (série PNPE nº 24. Rio de Janeiro, 1991). Foi também editor e organizador de Cursos de Economia: catálogo de listas de leitura de cursos oferecidos em centros membros da ANPEC, publicado pela ANPEC, em setembro de 1992.[1]
Serviço público
Em seguida, durante 1993-1999, foi secretário de política econômica adjunto do Ministério da Fazenda, diretor de Assuntos Internacionais e presidente do Banco Central do Brasil. Nesta época ganhou os prêmios Economista do Ano 1997 (concedido pela Ordem dos Economistas de São Paulo mediante eleição pelos membros da Ordem) e "Central Banker of the year, 1998", prêmio concedido pela revista Euromoney, em setembro de 1998.[1]
Teve participação central na formulação, operacionalização e administração do Plano Real.[1]
A partir de sua experiência de governo publicou dois livros O Plano Real e Outros Ensaios, Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1995; e O Desafio Brasileiro: ensaios sobre desenvolvimento, globalização e moeda, São Paulo: Editora 34, 1999. Sobre o Plano Real, ver: Luiz Antonio Mattos Filgueiras, "História do Plano Real", lançado pela Editora Boitempo, no ano 2000.
Deixou o comando do Banco Central em meio a uma grave crise cambial.[1]
Após ano sabático na universidade (1999), fundou a Rio Bravo Investimentos (2000), empresa de serviços financeiros, fusões e aquisições, investimentos e securitizações. Tem participado de conselhos de administração e consultivos de várias empresas. Também tem atuado em eventos corporativos como palestrante. Em paralelo, mantém alguma atividade acadêmica (aulas e pesquisas) e escreve para jornais e revistas (O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil, Veja, Época).[1]
Desde 1999 publicou outros três livros: O papel e a baixa do câmbio - um discurso histórico de Ruy Barbosa (Rio de Janeiro: Editora Reler, 2005), do qual foi editor e organizador; Crônicas da convergência: ensaios sobre temas já não tão polêmicos (Rio de Janeiro: Editora Topbooks, 2006) e, também como editor e organizador, A Economia em Pessoa - Verbetes Contemporâneos e Ensaios Empresariais do Poeta - uma coletânea de textos de Fernando Pessoa (Rio de Janeiro: Reler Editora, novembro, 2006).[1]
Caso Banestado
Segundo o relatório final da CPI do Banestado,[3] Gustavo Franco foi responsável pela evasão de mais de R$ 30 bilhões entre os anos de 1996 e 2002, por ter criado os mecanismos que legalizaram as contas CC5.[4] Ocorre que, em abril de 1997, alertado pelo próprio Franco, o Banco Central comunicou, através de 300 denúncias ao Ministério Público, a existência de irregularidades.[5] Gustavo Franco foi inocentado de todas as acusações, tanto no TCU (Tribunal de Contas da União), onde tudo começou, quanto na ação proposta pelo Ministério Público.[6]
Filme "Real: o plano por trás da história"
Em 25 de maio de 2017 estreou o filme Real - O Plano Por Trás da História, do diretor Rodrigo Bittencourt, baseado no livro “3.000 dias no bunker" de Guilherme Fiuza. O filme tem como protagonista o economista Gustavo Franco, então integrante da equipe econômica responsável pelo Plano Real, cujo objetivo era a estabilização da economia brasileira e implantação de reformas econômicas, sendo interpretado pelo ator Emílio Orciollo Neto. O elenco do longa também conta com os atores Bemvindo Sequeira (como Itamar Franco), Norival Rizzo (como Fernando Henrique Cardoso), Tato Gabus Mendes (como Pedro Malan) e a atriz Paolla Oliveira, entre outros.[7][8]
O filme tem repercutido na mídia, com avaliações divididas, entre criticas positivas e negativas. Por exemplo, o G1 aponta que o filme "supera o economês e maniqueísmo, mas ainda tem clichês (...) e escapa de armadilhas sem se tornar memorável".[9] Por outro lado, o colunista Chico Barney chegou a comparar que o filme tentou vender uma imagem de que Franco era um "Capitão Nascimento economista".[10] O site especializado em cultura e arte Pocilga e o colunista do O Globo André Miranda pontuaram o filme como superficial,[11] por incluir no roteiro alfinetadas constantes à classe política e bordões semelhantes aos usados em filmes de ação e ficção.